Reunion of Dub SP: entrevista com Raunas (High Public)
Quem gosta de reggae (e sobretudo quem está envolvido profissionalmente ou de alguma outra forma) sabe o quanto é complicado contar com festivais e eventos independentes que proporcionem grandes encontros com nomes nacionais e internacionais de qualidade. Todo o corre da cena, principalmente em SP (que é onde a gente vive & vivencia a parada), é feito totalmente na raça e no amor, com muito suor, da menor e mais simples à maior e mais estruturada festa.
Porém – e ainda bem – a união cresce e aumenta cada vez mais, permitindo que eventos de maior porte sejam realizados de forma colaborativa em diversos pontos da cidade e, por que não, do país. O grande exemplo disso é o recém anunciado Reunion Of Dub, que trará os mestres do Channel One Sound System (Mikey Dread e MC Ras Kayleb) para o Brasil nos próximos meses, além de contar com a participação de nomes de peso e tradição do meio. Entrevistamos um dos organizadores do Reunion, Raoni Raunas Fulone, para saber mais sobre o festival e todo o contexto em que ele está envolvido.
(por Dani Pimenta)
Groovin Mood – Como surgiu a ideia do Reunion of Dub 2013?
Raunas – Inicialmente, esse nome “Reunion Of Dub” surgiu em 2011, quando tivemos a ideia de trazer um top sound da UK chamado Iration Steppas, que viria para o Brasil em uma turnê mas não tinha data em São Paulo. Nos reunimos naquela época em cinco amigos e botamos a grana do nosso bolso para ver o que daria. Posso afirmar que esse momento foi importante para a cena, pois acreditávamos na época que só dependia da gente mesmo e rolou, quer dizer, rolou muito bem. Não em questão de $$$, pois tomamos um prejuízo, mas sim como grupo, a confiança em nós, e que fez com que de fato nos tornássemos um coletivo, conhecido hoje como Coletivo Prato do Dia, e desde então muita coisa aconteceu, como a Spliff Reggae Hour (nota do blog: a Spliff é uma festa já tradicional no circuito paulistano, e que tem o formato de happy hour semanal com o melhor da música jamaicana) e tudo mais que movimentamos hoje.
A Reunion of Dub 2013 surge como uma necessidade de inovar mais uma vez, arriscar, movimentar, investir em uma ideia e, lógico, trabalhar, trabalhar muito por algo que acreditamos. Dessa vez o Coletivo Prato do Dia se torna um apoio e não mais a linha de frente de produção.
A ideia de realizar um festival é antiga, eu acompanho muito a cena da Europa e, quando chega o verão lá, pipocam festivais de reggae incríveis durante os três meses, cada um com sua linha. Mas a parte que eu mais gosto são os “stages” de sound system, e é inspirado por isso também que fez com que a hora fosse essa, sem intermediários, sem mega estruturas, sem muito “caô”. É um festival feito por nós, para nós, que gostamos de reggae em suas diferentes vertentes, preferencialmente amplificado por um bom sistema de som.
GM – Quem está diretamente responsável pela organização e realização do evento?
Raunas – A organização do evento é feita por um núcleo de pessoas que estão chegando aos poucos com ideias e energia para movimentar. Eu como estou mais na linha de frente e já carrego uma bagagem de produção estou direcionando algumas ações que esses outros membros farão no decorrer da pré-produção até o dia do evento. Mas a realização de fato, que vai fazer acontecer, é do público!
GM – O evento é colaborativo? Como vocês pretendem conseguir financiamento?
Raunas – Sim, o evento é colaborativo, desde a organização até a realização. O método escolhido para financiar o evento é bem arriscado, e estamos contando bastante que as pessoas ajudem, pois já investimos uma grana com despesas como as passagens aéreas dos artistas, e não há mais retorno disso. Optamos pelo financiamento coletivo, também conhecido como crowdfunding, que é uma forma de realizar muitos projetos sem depender de patrocínios de marcas ou verba de editais públicos.
Nesse caso exclusivamente, a novidade é que não faremos via nenhum site especializado nesse tipo de iniciativa, pois muita gente não possui cartão de crédito para investir nas cotas de apoio (nota do blog: em praticamente todos os sites especializados em crowdfunding, é necessário que o colaborador que vá doar algum valor tenha cartão de crédito). No nosso método, qualquer pessoa pode ajudar comprando um adesivo da festa, e teremos promotores em diversas regiões de São Paulo, interior e outros estados nos ajudando, vendendo esses adesivos. Dessa forma a realização fica mais humana, mais olho no olho, mais próxima do público.
Não queremos doações, portanto nesse método o investidor já leva um produto com ele, que por sinal ficou bem legal!
GM – O que foi levado em conta na escolha das atrações? Quem são as atrações?
Raunas – A primeira atração confirmada foi o Channel One, um dos sound system mais respeitados dos mundo, que já possui mais de 30 anos de carreira e vive atualmente o seu melhor momento. Eles queriam visitar o Brasil, e assim foi feito. A partir da confirmação deles é que os demais convidados foram sendo escalados. Enviamos alguns convites e outros foram surgindo naturalmente. A proposta é reunir diversos estilos e sounds não só de São Paulo, pois ha muito sound bom fora da capital também, e que não consegue tocar aqui pela falta de espaço ou condições financeiras que acabam por impedir que eles venham.
Jurássico (veja entrevista aqui) e Stranjah (veja entrevista aqui) são seletores bem conhecidos na capital, e referência para qualquer um quando o assunto é velha guarda jamaicana. Seus projetos carregam forte identidade.
O Rude Attack é um seletor/promotor que há muitos anos é referência para nós quando o assunto é jungle, uma vertente muito pouco amplificada nos bailes sound system.
O Missigena, que mora em Natal, é um fanático pela cultura, e mesmo sozinho e bem longe ele consegue manter forte o seu estilo. Ele seleciona muito “uk roots”, quase uma exclusividade no Nordeste.
O Megaton Dub, de Brasilia, também vem lutando para conseguir emplacar a cultura sound system. Sempre que podem realizam bailes com bons convidados, e são parceiros diretos no festival, pois levarão o Channel One para Brasilia também.
A Hazedub Crew, de Curitiba, certamente é a vanguarda da “bass culture” do Brasil. Em seus bailes eles dão oportunidade para diversos produtores nacionais, e fazem o que podem para manter a chama acesa das novas vertentes dessa cultura que nasceu lá na Jamaica.
A High Public é o sound que eu toco, e está 100% envolvido na produção do evento. Além disso, estamos trabalhando para criar uma identidade forte e fazer o possível pelo intercâmbio de artistas de outros estados e países em nossos bailes, afim de trazer novidades para a cena paulistana e levar essa bagagem para outras quebradas, cidades e estados em que estamos sendo convidados.
O Leggo Violence (veja entrevista aqui) é praticamente o maior parceiro do festival, pois é o sistema de som deles que irá amplificar o som. Eles possuem um time de seletores muito bons e focados em um trabalho sério, com identidade forte.
Fora os sounds, teremos dois cantores/mc´s oficiais: Junior Dread, que dispensa comentários, possui uma carreira sólida no reggae nacional, e vem aos poucos conquistando também a cena internacional. Já passou por turnês por diversos países e por produções sensacionais; e Monkey Jhayam, que para nós é a voz do sound system brasileiro. Com suas letras militantes, influenciou diretamente uma nova geração de mc´s, e possui produções incríveis, nacionais e internacionais, que ainda darão muito o que falar.
GM – Qual o formato do festival? Onde ele vai acontecer?
Raunas – O formato será 100% sound system, um stage apenas, um sistema de som amplificando das 13h às 22h todos as atrações. Vai acontecer na rua, em um local ainda não definido, mas as solicitações nesse sentido já foram enviadas para os órgãos públicos. O local terá fácil acesso e espaço para comportar o público.
GM – O que você espera do festival? O que ele pode trazer ao público e à cena de SP como legado tanto durante quanto depois de acontecer?
Raunas – Eu espero que esse festival seja apenas o primeiro de muitos outros que irão acontecer. A ideia de festival é muito legal, reunir diversos artistas, sounds e tudo mais, gerar essa rotatividade, é tudo muito importante. Estamos acostumados com bailes onde apenas 1 ou 2 equipes tocam durantes horas, o que é bem legal também, mas queremos incentivar mais os convites, as trocas, as oportunidades, os intercâmbios entre as cidades, estados e países.
Acima de tudo queremos mostrar que é possível realizar produções maiores, que é possível trazer aquele artista que tanto queremos aqui sem depender desses “mega shows” que vemos por ai. Basta mais união, mais profissionalismo, e que o público entenda que até para fazer festa na rua existe um grande custo para quem promove. E é daí que esperamos que o público se sinta mais realizador também, não só espectador, e que essa cultura não é passageira, ela veio para ficar e que há muito a se fazer ainda por ela.
Obrigado!
(para saber mais detalhes sobre o Festival e acompanhar o andamento das novidades, acesse a fanpage do Reunion Of Dub no Facebook clicando aqui.)
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