Os grooves poderosos de Laylah & Santa Groove
Pessoas diferentes, caminhos diferentes, musicalidades diferentes, e um resultado que só poderia dar em groove. De São Paulo, diretamente para os ouvidos de bom gosto de todos os cantos do planeta, surgiu o finíssimo grupo Laylah & Santa Groove, que eu tive a honra e a alegria de assistir na sua pré-estreia no Festival Órbita na Casa das Caldeiras em junho passado.
Com o vocal estonteante e absolutamente poderoso da diva Laylah e os instrumentais de caras que sabem muito bem o que estão fazendo e fazem muito bem o que sabem, o L&SG é a nova e grande promessa – que está sendo lindamente cumprida – do cenário musical paulistano. Entrevistamos essa galera para que você conheça quem são eles, saiba mais sobre o lançamento do primeiro EP do grupo e grave esse nome, pois ele nunca mais vai sair da sua playlist.
(por Dani Pimenta)
O Laylah & Santa Groove é Laylah (voz), André Pilpo (bateria), Duane Bin Nogueira (baixo), Guilherme Gasa (guitarra), Tiago Canzian (teclado), Marcos Guarujá (percussão), Dico Las-Casas (trombone), Daniel Lupo (trompete) e Buruga Buru (saxofone/flauta transversal).
Laylah é uma grande conhecida dos apaixonados pela música jamaicana, e integrou durante seis anos o Quilombo Hi-Fi, um dos mais importantes sound systems de SP. Com sua voz ímpar, chegou a gravar em vinil uma das canções a que dava voz no Quilombo: a forte mensagem “Olhem para a África”. Hoje, junto às atividades do coletivo Ferro na Boneca, do qual faz parte como discotecária e vocalista, e também da banda, paralelamente atende convites para cantar em sound system. Como “lado B” da vida, até o início de 2014 exercia também a profissão de formação, Geógrafa.
É ela que conta como os integrantes se conheceram. “A já famosa rede de relações meio malucas, coincidentes e em cruzamento…hehe. A partir da memória de um primeiro contato anos atrás no ambiente de Sound System, eu e o baterista Pilpo retomamos um contato mais próximo virtualmente ,e pela rede iniciamos diálogos musicais. Desse papo, de um lado eu externei a vontade de expandir o trabalho musical que já vinha fazendo para outras vertentes da música negra, e de outro o Pilpo citou a retomada de um projeto embrião junto ao baixista Duane Bin Nogueira, daí a idéia de tentarmos algo juntos”.
Para uma “cozinha” completa era preciso ao menos um guitarrista para que o projeto desse os primeiros passos, e foi então que a proposta foi apresentada para Guilherme Gasa. Ele e Laylah se conheciam também como frequentadores de festas de sound system, porém a aproximação e amizade aconteceu por ambos serem assíduos das festas do Boteco PratodoDia, que vocês já conhecem bem de tanto que a gente fala por aqui (e de tanto que amamos tocar lá em diversas ocasiões).
“De cara a idéia animou os 4 já em grandes proporções! E então foi agendado o encontro no bairro de Santa Cecília (centro de SP) e ali deu-se o nascimento oficial, por esse motivo o batismo de “Santa” para o nome do projeto, que além de local, também é a santa padroeira dos músicos.”, explicou Laylah.
Para somar ao time, foram convidados Dico Las-Casas, trombonista que já havia realizado dois trabalhos na festa Ferro na Boneca. Daí, todos os amigos foram se “achegando”: Daniel Lupo, o trompetista, amigo de longa data tanto da Laylah quanto do guitarrista Guilherme; Marcos Guarujá, com quem Daniel Lupo já teve andanças musicais e tem antiga amizade; Tiago Canzian, teclado, que também é DJ e compartilha dos locais de frequência da vocalista e do guitarrista; e Buruga Buru, por intermédio de Duane.
Segundo Laylah, a banda surgiu de um jeito natural. “A ideia foi muito natural e rapidamente o acordo estava feito. Na primeira reunião na Santa Cecília as vontades foram muito consensuais. Grooves do mundo com alta influência de afrogêneros!” Sobre o nome da banda, ela explica: “Bem, como se vê de cara é um nome composto. Essa opção teve como motivo especialmente o gosto por esse modelo de nome, formato usado pelas jazz bands, por exemplo e também outras bandas mais contemporâneas. Esse formato de haver um destaque de “front”, seguido pelos tão importantes acompanhantes.
Assim, Laylah & Santa Groove, “Santa” pelo bairro onde tudo começou e a crença dessa como padroeira dos músicos e o Groove pela onda sonora de balance que a banda abarcou.”
As influências da banda são as melhores e mais diversas possíveis, visto que obviamente todos são apaixonados por música. Entre elas, os grooves nacionais, o funk, soul samba-rock brasileiro; também as músicas regionais e tradicionais, como o maracatu, os sambas de terreiro, o samba, o choro; o afrobeat, que é a linha contemporânea da música tradicional africana; a música jamaicana; e bastante do soul, funky, jazz, blues norteamericano.
Sobre a emoção da primeira apresentação ao vivo no Festival Órbita, Laylah descreve como foi. “Foi uma das melhores oportunidades que podiam aparecer. O Festival trouxe uma gama imensa de atrações que apesar de bastante diversificadas dialogaram muito com a proposta que trazemos. O público foi gigantesco, mais ainda se avaliarmos que foi para uma estréia, e recebeu muitíssimo bem o que apresentamos. Esse primeiro passo teve participação mútua, a produção do Festival tem proximidade pessoal conosco e os interesses foram comuns.”
Para a cantora, os próximos meses serão intensos. “Lançamos nossa campanha no Catarse. A intenção é que a gente entre em um processo intenso de shows já com um bom material em mãos, portanto, planejamos o lançamento de um EP – um album mais curto, com 6 faixas em CD – com composições todas próprias. Esse EP sairá junto a um show de celebração no dia 29 de novembro, na Serralheria (bairro da Lapa, SP/SP).
Para podermos construir esse trabalho optamos pelo financiamento coletivo, e pelo portal Catarse as pessoas podem nos ajudar dispondo do valor que elas puderem e há recompensas conforme cada valor. No fim das contas é como uma compra antecipada do CD e/ou de outros produtos e dessa forma nos ajudam a produzir o álbum.
Portanto, contamos com os que gostam da gente, tem interesse pela nossa música, e também os que desejam conhecer para essa construção.
Essa etapa estando concluída entramos em gravação e em novembro chega o grande momento! Enquanto isso vamos apresentando shows degustativos, lançando o que é possível na rede, para que possamos nos encontrar com as pessoas e elas possam conhecer nosso trabalho.”
Para ouvir/ver/sentir Laylah & Santa Groove: Facebook / Youtube / Projeto no Catarse
Contato: laylah.santagroove@gmail.com
(11) 99721-6596
Dani Pimenta é jornalista musical, DJ e produtora cultural. Está sempre atenta às tendências e novidades da música independente mundial. É fundadora do Groovin Mood.