“Seso Wo Suban”, de Carol Afreekana, é ancestralidade através do som
A paulista Caroline Arruda, dub poetry mais conhecida como Carol Afreekana, desde pequenina traz consigo o sonho de cantar, mas por conta de sua grande timidez este sonho foi bloqueado em diversos momentos de sua vida. Quando mais adolescente, finalmente deu o pontapé inicial em seu sonho, passando a cantar na igreja da qual fazia parte.
À medida em que foi crescendo, amadurecendo e entendendo a forma de vivência Rastafari, Carol foi partindo para outro rumo. Aos 18 anos iniciou-se em um projeto vocal com os integrantes da cidade de São Bernardo do Campo, ABC paulista. Foi chamada para fazer parte da banda local Frutos de Resistência, onde, cantou durante seis como backing vocal, partindo daí para sua vivência Rastafari. Carol se retirou por um tempo e focou nos cânticos nyahbinghi e em escritura, iniciando dessa forma seu trabalho como poetisa e autora do blog Mundo Africano, onde divulga seus textos cheios de conexão interior e exterior, com o mundo do feminino sagrado e da ancestralidade.
Novamente retorna ao mundo do sound system, inspirada por mulheres africanas e jamaicanas como Aisha, Daba Makourejah, Ranking Ann, Dezarie, Empress Cherisse, e atualmente está buscando desenvolver seu trabalho como forma de luta e militância pelo movimento negro e Rastafari. Carol baseia suas canções no lado mais espiritual e teocrático do movimento.
Toda essa bagagem se refletiu no EP Seso Wo Suban. O trabalho nasceu de um convite de Guux (Gustavo Braga – Jah Tallawah), depois de ouvir uma sessão e ter ouvido a cantora recitar algumas de suas poesias em versões. O produtor se interessou pelo trabalho, que foi feito visando sempre o suporte ao povo preto com mensagens espirituais.
“Reuni neste trabalho, depois de um tempo de estudo sobre dubpoetry, algumas das poesias que transformaram e diariamente tem esse poder de mudar e fortalecer a minha vida, por isso o nome do adinkra que significa Transformação de Vida (Seso Wo Suban) visando e priorizando levar a auto-estima à mulher, especialmente preta. Algumas poesias também são a exaltação feminina e ao sagrado feminino, aos segredos de oração (cultura Rastafari), crescimento espiritual e fortalecimento acerca de honra aos ancestrais”, conta Carol.
O trabalho ficou simplesmente incrível e merece uma audição atenta. Adquira o EP pelo Bandcamp de Jah Tallawah ou diretamente pelo Facebook do produtor. Dê suporte!
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Dani Pimenta é jornalista musical, DJ e produtora cultural. Está sempre atenta às tendências e novidades da música independente mundial. É fundadora do Groovin Mood.
GroovinMood !!!
gratidão pelo trabalho, mídia alternativa respeitada e muito importante pra nós artistas independentes.
Quero deixar meu Big up pra mana Carol Afreekana que muito nos ensina e inspirada e o Mr ITes meu sócio de label que mixou esse trabalho e tbm produziu alguns riddim, Muito obrigado groovinmood