Álbum histórico da Banda Os Remanescentes é lançado 30 anos após a gravação

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O processo de recuperação da obra fonográfica  Só Remanescente Ficará  foi iniciada no mês de abril de 2021 (você confere aqui) e a sua versão finalizada foi lançada oficialmente hoje, 24 de setembro, em todas as plataformas digitais.

O álbum restaurado traz hits do reggae nacional como Basta Man, Policiar Sim Malícia Não e Roda Pião em versões originais e chega 30 anos depois da sua gravação realizada entre 1990 e 91, no Estúdio WR em Salvador. 

“A conclusão deste disco está sendo muito valiosa para todos nós, é o fechamento de um ciclo importante na vida dos artistas e das nossas famílias. Esse álbum tem trinta anos de prospecção de lançamento, eu tenho 31 anos de idade, estão sendo muitos reencontros. Hoje olhando, refazendo os caminhos, eu consigo perceber que muito de mim e da minha vida profissional na arte, atravessa a história ou a não história desse álbum.“, comenta Rute Mascarenhas, gestora do projeto e filha do baixista Remanescente Marco Oliveira.

Recuperando a história

Com o passar dos anos, o material que estava no Estúdio WR se perdeu, e o desenvolvimento do restauro se deu a partir da desaceleração, limpeza e remasterização dos fonogramas anteriormente vazados, encontrados em arquivos digitais na rede.

As faixas do disco então chamado Sementes do Amor foram um marco simbólico na música popular da Bahia, o som do “povo, o próprio novo”. O restauro, que traz onze faixas, será lançado pelo selo Surforeggae

Os fonogramas restaurados e remasterizados pelos produtores musicais DJ Raíz, DJ Leandro Vitrola e Augusto Júnior combinaram técnicas de discotecagem, com equalizadores e compressores, para reconstruir e qualificar os arquivos danificados. A remasterização do disco foi realizada em duas etapas, em Salvador, nos Estúdios Freedom Soul Rec e WR, e em Santo Antônio de Jesus, no Universo Verde Studio.

Com capa de Ricardo Fernandes inspirada em discos lançados nos anos 90, a arte tenta imaginar como teria sido produzida na época e traz no tratamento marcas de desgastes da ação do tempo. A fotografia de David Glat que ilustra a capa é o registro original produzido no período para estampar o disco que seria lançado em 1991. 

Sobre os Remanescentes

A banda Os Remanescentes, firmou-se em Cachoeira, cidade do Recôncavo Baiano, no final dos anos 80 e é considerada uma das primeiras formações de reggae do Brasil. Com a liderança dos músicos Nengo Vieira, Sine Calmon, Marco Oliveira e Tintim Gomes, acompanhados de Valéria Vieira (voz), passaram pela Remanescentes os músicos, Júlio Santa (bateria), Alcione Rocha (trompete), Augusto Conceição (trombone), Haroldo da Silva (trombone), Ito Bispo (saxofone), João Teoria (bateria e trompete), Beto Souza (percussão), Wilson Tororó (percussão), Quinho Batera (bateria) e Raimundo Ataíde (bateria). 

Influenciados pela contracultura, pelos ideais de vida em comunidade da Tropicália e dos Novos Baianos, e pelo crescimento vertiginoso da cultura protestantista entre os negros e as periferias do Brasil, a obra dos Remanescentes se organiza dentro de uma narrativa contra-litúrgica, onde é cantada a periferia, a partir das suas próprias linguagens, dos seus próprios códigos.

As reflexões sociais, a experimentação sonora “nativa” e o estilo de composição cheio de metáforas, e mensagens de espiritualidade e amor, ditou a cadência do estilo jamaicano na Bahia, e ajudou a popularizar a cultura reggae também em outros estados brasileiros. 

Acredito que será inspirador para as gerações mais novas e vai influenciar também as que estão por vir. É mais do que necessário que a Bahia conheça mais detalhes da história da banda, saber quem são eles e a importância deles no reggae brasileiro.“, disse DJ Raíz, co-produtor musical do restauro.

Gênese de reconexão, a cidade de Cachoeira se tornou um dos principais portos da cultura jamaicana no mundo e a banda Os Remanescentes entra para a história como uma das primeiras bandas do estilo BR, influenciando a música reggae na Bahia e no Brasil.

Sendo os principais responsáveis por grande parte da produção do reggae baiano, Nengo, Sine, Marco e Tintim atuaram também como arranjadores e músicos em trabalhos com importantes artistas como Edson Gomes e Lazzo Matumbi entre os anos 80 e início dos anos 90, além de seus lançamentos de músicas, cd’s e dvd’s de carreira solo, que sucederam após o término da banda, esta cena sonora registrou a identidade musical do reggae cachoeirano.

Em 1993, a banda se desfez e os compositores seguiram suas carreiras individuais, em novas formações. Em julho de 2021, o estilo Reggae Recôncavo foi tombado como Patrimônio Imaterial da cidade de Cachoeira.

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