“Rude Boy Movie” – entrevista com o cineasta Bruce Wayne Gilles
“Há alguns anos atrás, os Heptones me abordaram, perguntando como poderíamos escrever uma história sobre sua luta, sobre o reggae, e também sobre a opressão cada vez mais crescente em Trench Town (Jamaica)”. Esse foi o ponto de partida para a produção do filme “Rude Boy” segundo o cineasta Bruce Waine Gilles, responsável por colocar no papel e nas telas a ideia surgida em uma conversa com os membros do grupo The Heptones.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=9DJ77LY2WdY&w=420&h=315]
“Trench Town era um depósito de lixo antes de o governo construir habitações públicas por lá – uma porção de West Kingston -, também conhecido como Kingston 12, onde muitos dos artistas de reggae cresceu. Nos anos 1960, a música foi mudando ao redor do mundo e a Jamaica espelhava este despertar, fornecendo um tipo de música revolucionária. Nosso principal personagem, Winston Brown, foi inspirado nos músicos da época como Bob Marley, Toots Hibbert, Barry Llewelyn, Leroy Sibbles, Earl Morgan, Dennis Brown, Don Drummond.
A visita de Haile Sellasie à Jamaica em 1966 também é retratada no filme – algo que teve dimensões parecidas com algo como a segunda vinda de Cristo para os fiéis cristãos.
Os Heptones queriam falar e mostrar a sua história que nunca foi ouvida por meio de um personagem – e eu certamente concordo com eles, pois é o retrato da jornada de um herói singular. O filme é poderoso, e a progressão da música do ska para o rocksteady e desse para o reggae funciona como uma estrutura natural de três atos na história. A história dos Heptones é a motivação para falarmos de um ritmo que é basicamente a espinha dorsal para o rap e o hip-hop modernos. O ska, o rocksteady e o reggae são eternos, e a história a ser contada é simplesmente incrível e inacreditável – A MAIOR história que nunca foi contada.”
“Rube Boy” é uma obra realizada através de crowdfounding (o termo crowdfunding designa ações de cooperação coletiva realizada por pessoas que contribuem financeiramente, usualmente via internet, para apoiar iniciativas de outras pessoas ou organizações, como é o caso desse filme. Obras cinematográficas feitas dessa forma são cada vez mais comuns) feita em parceria com a FilmFunds, uma espécie de rede para cineastas, financiadores, atores e fãs. Segundo Bruce, “as filmagens devem começar o mais cedo possível – mais ou menos dentro de 3 meses – e esperamos que em mais 6 meses esteja pronto para ser lançado primeiro nos circuitos de festivais para depois expandirmos as exibições”. O elenco contará com a presença de nomes de peso como Danny Glover, que fará o papel de Jack Bilkes, um delegado opressivo, e Ky Mani Marley como Tibbs, um mentor rastafari.
A trilha sonora no geral contará com cerca de setenta músicas (entre trilha sonora principal e bônus), sendo que alguns skas e rocksteadys que não estão nesse bolo serão uma oportunidade para os criadores originais recriarem canções e música para contar a sua história mais uma vez – com sabedoria, experiência e conhecimento. “Não quero ser presunçoso, mas se essas músicas não puderem ganhar um Oscar, ao menos serão canções dignas de nomeações e prêmios.”
Perguntado sobre o que pretendia mostrar com a obra, Bruce foi categórico. “Essa história nunca foi ouvida, contada ou vista. Não é algo como a história de Jim Morrison ou Elvis, ou como o som dos Beatles e da Motown, que são clássicos. “Rude Boy” se eleva acima de clichês, pompas e circunstâncias, e oferece uma história simples sobre um personagem que enfrenta dificuldades insuperáveis mas apesar disso é triunfante. Mostra um rito de passagem espiritual e dramático em um musical épico, tudo em um. Não só essa história nunca foi contada, mas esta música também não está mais sendo ouvida – ela foi banida das rádios na Jamaica.
Os sistemas de som de West Kingston eram o lugar para se estar, uma montanha de alto-falantes explodindo música para dançarinos e rude boys! A primeira onda do ska alcançou o auge no Reino Unido em 1964, fornecendo uma base de fãs muito maior e diversificada no mercado europeu e até mesmo encontrando seu caminho para o Pacífico Sul. A música não chegou como deveria nos Estados Unidos, até que finalmente o reggae migrou para a costa da América no final de 1972/ início de 1973 com o LP Catch a Fire, de Bob Marley. De lá para cá, acabou permanecendo até hoje com status de música revolucionária e associada àqueles mais necessitados. “Rude Boy” certamente vai aumentar o conhecimento geral dessa história lendária, assim, finalmente, proporcionando o máximo respeito a essa música espiritual em todas as classes! Importante mencionar: esse é um “filme evento”, pois cada vez que ele estrear em um festival pretendemos que hajam concertos com os artistas originais cantando suas próprias canções da trilha sonora.
Aos criadores do ska / rocksteady / reggae o máximo respeito, bem como às memórias de luta e sofrimento de Trenchtown. MAXIMUM RESPECT!”.
Para seguir Bruce no Facebook e ficar por dentro do que acontece no projeto, acesse: https://www.facebook.com/rudeboy.movie
(por Dani Pimenta)
0 thoughts on ““Rude Boy Movie” – entrevista com o cineasta Bruce Wayne Gilles”