BNegão e Seletores de Frequência fazem apresentação no Sesc Pompéia

Foto: Camila Cicolo

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​​(Resenha: Gustavo Silva/ Fotos: Camila Cicolo)

BNegão e Seletores de Frequência reproduziram uma obra de 11 anos atrás, ou como eles mesmo disseram muitas vezes, 10 + 1, que tem a cara de 2023, o álbum Sintoniza Lá. Sabe aquele show do BaianaSystem que você foi no Carnaval? Parece. A música que apareceu na sua playlist do Spotify e você se perguntou: nossa, de quem é? Parece também. Uma mistura boa, animada, com ótimas letras, com muito protesto, com muita potência musical, voz, instrumento, qualidade e energia.

Só na apresentação do Sesc Pompéia foram 3 rodas de bate cabeça, um redemoinho, isso tudo sob o poder da energia da física quântica que o BNegão invoca no meio da plateia. Teve roda feminina, teve música fora do álbum, teve gutural do ilustre convidado/ membro em algumas músicas MC Paulão, homenagem ao Sabotage e quando pareceu que tava chegando ao fim, ainda tinha mais, uma apresentação com duas músicas do álbum Astral dos Seletores de Frequência e mais músicas fora do Sintoniza Lá. 

A qualidade técnica da banda é destaque. Pedro Selector (trompete e voz), Robson Riva (bateria e voz), Gilber T (guitarra e voz), Nobru (baixo), Marco Serragrande (trombone) e Sandro Lustosa (percussão) pulam, tocam, fazem pular e tudo sem perder uma nota, um timbre, nada de nada, eles têm aquilo de ter tanto profissionalismo que parecem fazer fácil, mas ao mesmo tempo encantam.

Não à toa o álbum ganhou tudo que ganhou em 2012, VMB e os prêmios mais importantes do Brasil na época e inteligentemente eles resolveram resgatar, por fazer tanto sentido com a música que é tocada, não nas rádios, hoje. Inclusive, essa é a lógica do nome do álbum, segundo o próprio BNegão em entrevista pra GQ, Sintoniza Lá tem esse duplo sentido de você se sintonizar com a energia certa e uma provocação que hoje as músicas poderiam alcançar um público ainda maior se as rádios sintonizassem. Deve ser por isso que as rádios estão morrendo.

Mas contra a morte é a música “Essa é pra tocar no baile”, eles tocaram duas, três vezes e tem a sonoridade do sucesso, já consigo ver o BNegão em cima do carro elétrico gritando sem parar ESSA É PRA TOCAR NO BAILE!

BNegão é um que merece um texto a parte, mas vou dedicar esse parágrafo. Ele chegou com seu boné do Quinto Andar (antigo grupo de rap de Niterói com Marechal, DeLeve, Shawlin, base do rap nacional), uma camisa com uma estampa foda africana e ali já era. Eu não faço ideia do tempo que o show durou, mas ele sustenta de um jeito muito único, chama a energia para ele, a sensação de “merecido o sucesso, realmente ele sabe o que faz em cima do palco” é muito rápida.

E não tem outra palavra para descrever: sensação. O álbum tem muita qualidade, detalhes, mas a mistura de tudo te leva para lugares incríveis, tem muito ritmo, muita raiz, tanta coisa boa junta que você se perde e fica feliz com isso, se deixa levar. E para quem não conhece ainda, Sintoniza Lá.

Para tentar traduzir essa sensação, mais algumas fotos do show:

 

 

 

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