Ritmos jamaicanos – Ska
O ska surgiu na Jamaica, em meados do final da década de 1950, e daquela época até hoje, foi dividido em três períodos, chamados de “ondas”: primeira onda, que trata da cena original do ska, durante a década de 1960; segunda onda, a época do two tone, que teve início no final da década de 1970; e a terceira onda, iniciada na década de 1980, dura até hoje e trata da mistura do punk e do jazz com o ska.
Don Drummond – trombonista, ídolo de diversos grandes nomes do jazz americano – e Tommy McCook (saxofone) animavam festas de Montego Bay tocando sucessos de Count Basie, Glenn Miller e outros mestres de big bands.Decidiram então criar um ritmo novo, que pudesse ser tocado nas novas festas que surgiam nas ruas, as soundsystems, e esse som novo trazia no mesmo caldeirão a aura jazzística, os estilos musicais tradicionais como o mento, e a percussão carregada, com uma forte guitarra – cortesia de Jah Jery, que dizia que sua guitarra fazia “skat, skat”. Nascia o ska. O novo ritmo embalou o momento de proclamação da independência do país no início da década de 1960, e formou uma leva de excelentes músicos. Os pioneiros foram os Skatalites, banda idealizada por Drummond e produzida pelo Studio One, de Clement “Coxsone” Dodd (um dos primeiros estúdios de gravação do país, e o mais respeitado), os Skatalites brilharam em composição próprias e gravações ao lado de Bob Marley, Bob Andy e outros. Fazendo releituras de temas estrangeiros ou tocando temas próprios, a banda cresceu de forma a se tornar para sempre referência histórica e musical da ilha. Um fato trágico abalou de forma irreparável a carreira dos Skatalites. Após uma discussão com a namorada, a dançarina Marguerita, Don Drummond matou a moça a facadas. A polícia encontrou o trombonista junto ao corpo, balbuciando e sujo de sangue. O artista foi internado em um hospício, onde definhou até falecer, em 1969. Por esse motivo, o grupo decidiu pela separação. Seus integrantes passaram a gravar em outros estúdios, como o Federal Records, o Dynamic e o Treasure Isle, de Duke Reid, conhecido como o rival de Coxsone Dodd.Durante esse tempo, os rude boys, como eram chamados os jovens marginalizados da ilha, adotaram o ska como seu ritmo. Sem emprego e sem perspectivas, eles se dedicavam a intermináveis sessões de ska, brigas e cerveja. O estilo de vida desses jamaicanos foi cantado em diversas músicas durante as três ondas do ska, em canções como “Simmer Down”, na voz de Bob Marley e The Wailers, “Johnny Too Bad”, dos Slickers, A Message To You Rudy, de Dandy Livingstone, e tantas outras.Após algum tempo, o ska perdeu sua popularidade, em razão do surgimento do rocksteady, que diminuía a pegada e o ritmo frenético do ska. O ritmo foi fundamental para o desenvolvimento da música jamaicana, apesar de ter durado pouco tempo no topo naquele período. O gênero ressurgiria a todo vapor nos anos 1970, na Inglaterra, com a geração 2Tone.
O nome do período tem ligação direta com a gravadora 2Tone Records, de propriedade do tecladista Jerry Dammers, da banda de ska The Specials. Nesse período, o ska é mais rápido, e a cena cresce na Inglaterra e ao redor do mundo, com uma cara mais politizada. Bandas como The Specials e The Selecter crescem, e a banda punk The Clash grava com os Specials. Em 1979, com o lançamento do selo 2-Tone, surge uma nova cena para o ska, não só na Inglaterra mas também no resto do mundo, com a luta contra o racismo, e a “ressurreição” de clássicos da primeira onda. O período acaba em meados da década de 1980, junto com o fechamento do selo 2-Tone.
A chamada 3ª onda começa logo após o término da segunda, e estende-se até hoje. Vários ritmos e sons são misturados, mesclando o ska com rock, eletrônico, flamenco, e tantas outras possibilidades, como no som das bandas Mighty Mighty Bosstones, Voodoo Glow Skulls, e outras do gênero.
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