Rockers Control: duas décadas de dub nacional – e fundamental

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Se você gosta de reggae, dub, sound system e não conhece os Rockers Control, o GM te traz um presentão de Natal! Essa é a sua chance de aprender mais sobre um dos importantes pilares da expansão do dub por São Paulo – e, como tudo é soma, e soma valorosa, claro que também pelo território nacional.

Compreender quem são e como trabalham essas figuras que, há duas décadas, atravessam tempo e espaço carregando no coração o amor pela reggae music, é compreender um pouco mais de como operam as transformações do cenário reggae ao longo dessa geração (sim: muitos leitores certamente não eram nascidos ou haviam acabado de nascer quando esse trio já incendiava as noites de SP).

Bom, mas eles obviamente falarão melhor sobre eles mesmos. Então fiquem aqui com a entrevista que fiz com os queridos Mau Bigodón, Cris Scabello e Bruno Buarque. Rockers Control inna di area!

GM: Quem são os Rockers Control?

Bruno Buarque: Bateria e Percussão e Eletrônicos – atualmente toco com o Rockers Control, Criolo, Tatá Aeroplano, Victor Rice, Marina Pitier, entre outros, além de tocar o estúdio Minduca.

Cris Scabello (a.k.a Cristopher Dilovah): Guitarra e Voz  – atualmente toco com o Rockers Control, Bixiga 70, além de tocar o estúdio Traquitana

MAU: Baixo – Atualmente toco com o Rockers Control, Comunsbalidos, Vitoriano e Seu  Conjunto, Anelis Assumpção, A Louca Marcha, entre outros.

GM: Falando das origens: como nasceu o Rockers Control? Em que momento vocês se falaram e disseram “bora ter uma banda”? De onde vocês se conheciam? Era todo mundo regueiro?

M: Acho que não dá pra falar das origens do Rockers Control sem falar no Afetos e depois no Dubversão. Então vamos começar pelas origens do Afetos.

Foto: Miguel Salvatore

O Afetos surgiu na época do colégio, em 1996, e começou com os caras matando aula pra queimar unzinhos e fazer um som. Eu, que não estudava com os caras, cheguei um pouco depois, mas ainda bem no começo. Quem me levou pra banda foi o Sena (Tiago Sena – vocalista) que morava na mesma rua que eu, e frequentava bastante minha casa. O Bruno eu também conheci antes da banda, também lá em casa, levado por uns amigos que tínhamos em comum. O Cris eu já conheci no Afetos mesmo. 

No começo a banda tocava praticamente covers que iam de Bob Marley e Peter Tosh, até Gregory Isaacs, Gladiators, Max Romeo, Jacob Miller, Black Uhuru, Hepcat, etc… mas em pouco tempo a gente começou a criar um repertório autoral (que trazia referências da música brasileira, da cultura popular e do dub!!). 

Foto: Miguel Salvatore

Acho q vale citar que além de nós 3 (MAU, Cris e Bruno) passaram pelo Afetos: a Marietta (a.k.a Massarock), o Fabinho (Yellow-P), o Décio 7, a Mairah Rocha (Barbatuques), o Sena, o Marcio ‘Kilaman’ Diniz, o  Beavis (Manu Bantu), o Betão (Nomad), Pedrinho (Walking Lions), Pixú Flores, etc…

Desde esse começo com o Afetos, foi sempre a gente que produziu a maioria dos shows que fazíamos, sejam eles em festas dos grêmios estudantis, ou em parcerias com outras bandas (que muitas vezes não eram de reggae…), em casas noturnas, etc. O Jai Mahal foi um grande parceiro do Afetos e com ele fizemos diversas temporadas em pequenas casas como o K-Boom, o Radiola, etc…

Em 2001 lançamos o EP “Nação Ameaçada”, com 4 canções autorais e 1 dub (nessas faixas dá pra reconhecer bem essas influências da cultura popular e da música brasileira que eu citei acima). 

Pouco tempo depois disso, a banda foi mudando de formação com a saída de vários integrantes e a entrada do Yellow-P como integrante (DJ e “operator”). O Fabinho (Yellow-P) já tinha sido fotógrafo, produtor etc. O Rockers Control surgiu meio nessa época, e era um momento dentro do show do Afetos onde a gente abria mais espaço para o improviso e para o dub, e onde começamos também essa experiência de tocar a partir de algumas faixas que o Yellow-P selecionava. 

Depois, quando começaram as festas no Susi in Transe e na rua, e o Dubversão começou a tomar forma, o Rockers acabou criando vida própria (fora do show do Afetos) e se tornou a banda “residente” nessas festas do Dubversão, sempre presente nas últimas sextas de cada mês.

Rockers no Susi in Transe – Foto: Miguel Salvatore

B: Bom, a maioria das pessoas do Afetos era um ano mais velha que eu, e eu não estava no primeiríssimo ensaio que foi feito, quando cabularam uma aula pra ficar tocando Bob Marley na casa do Tomás, que tocou bateria. Logo no 2º eu já fui, entrei tocando bongô e conga, comecei a revezar com o Tomás e aos poucos fui ficando mais na bateria. Pra mim foi uma honra, pq os caras já tocavam e tals, e quando você é jovem, um ano de diferença é gigante né? Então eu achava demais colar com os mais velhos da escola e ficar tirando um som.

C: Pra falar do começo, tem que lembrar que não tinha internet. Sempre recebi muita influência musical dos meus irmãos, com eles comecei a tocar violão e sorte a minha, quando eu ainda estava no ginásio, um dos amigos do meu irmão (o Lucas Corpo Santo, que anos depois viria a ser um dos DJs no início do Dubversão), tinha acabado de voltar da Bélgica com uns discos que foram parar em casa por algum tempo: ‘Guess Who’s Comming to Dinner’, do Black Uhuru, e “Tribute to Carly Barret”, um disco de dub em tributo ao baterista do The Wailers. Conhecer o reggae por essa via, desde moleque, foram e ainda são experiências absolutamente marcantes na minha vida. Tanto que “Bom Dia”, um dos singles que acabamos de lançar com meu pseudônimo Cristopher Dilovah, é justamente em cima de riddim do disco do Wailers. Não tinha nem pensado nisso, mas é muito simbólico que o primeiro single ‘do Dilovah’ seja em cima desse riddim. 

Daí, já no colegial, encontrar outros malucos que também curtiam esse reggae “além-mar-ley”, foi um divisor de águas na vida de todos nós. Foi um encontro muito potente, mesmo. Desse encontro do Afetos, praticamente todo mundo foi para a música e está até hoje aí mandando brasa. Maior orgulho fazer parte disso tudo. Minha maior escola. A gente curtiu muito fez muito som, juntos e com outras pessoas, sempre convidando gente para tocar nos nossos shows, dividir noite, fazer participação e essa rede foi se ampliando. Daí, do Afetos para o Rockers, o Mau já disse tudo.

GM: De onde veio essa estética do Rockers, voltada ao dub e diferente de boa parte da sonoridade do reggae feito por aqui?

M: O Rockers Control se assumiu como uma banda à parte do Afetos para tocar nas festas do Dubversão. Como a gente já ensaiava muito com o Afetos, a proposta com o Rockers era bem mais livre, e durante muito tempo a gente não teve ensaios, nem repertório. O formato das apresentações era totalmente livre, a ideia era ser como uma expansão da discotecagem do Yellow-P, mas sempre na base do improviso, aquele esquema sem palco, no chão, apresentações que chegavam a mais de 3 horas de duração, muitas vezes com convidados…

Foto: José de Holanda

Acho q a sonoridade do Rockers, essa nossa “estética”, foi muito construída em cima dessas noites, onde a gente tinha que “aprender” (tirar) ali na hora dezenas de riddims e grooves novos, e a partir deles desenvolver outros grooves, outras idéias, um tremendo aprendizado.

B: Das nossas pesquisas e interesses pessoais. Acho que também com um certo esgotamento nosso em ficar fazendo canções, com mapa tradicional, letra etc. Quando começamos a descobrir as possibilidades e caminhos abertos do dub, isso gerou um enorme interesse e uma liberdade tremenda.

C: Eu acho que vem justamente desse encontro ter sido em razão de pessoas que curtiam um reggae além-Bob Marley, numa época em que, na ‘Cena Reggae Nacional’ isso era praticamente um sacrilégio (lembra que a gente estava nos 90!) – me lembro de inúmeras vezes em que a gente estava tocando pedras dos Gladiators, Max Romeo, Gregory Isaacs, Jacob Miller, entre outros clássicos, com o Afetos, e a galera literalmente gritando “toca Bob Marley!” na nossa frente. 

Digo isso por que também acho que esse pensamento além-Bob, se reflete em outras áreas do pensamento musical entre a gente e acho que nós três compartilhamos desse princípio. Um pouco mais fora da caixinha. Nós fizemos parte de um grupo de percussão e ritmos brasileiros (o Olho da Rua), durante anos, e também acompanhamos a cantora Anelis Assumpção entre 2007 e 2017, que também transita por diversos estilos, por exemplo. 

Sempre gostamos de misturar estilos, tocar diversos ritmos, todos temos outros trabalhos pessoais com outros músicos e artistas, tanto como músicos como engenheiros de estúdio e, por fim, amamos a música em sua máxima potência, nos mais diferentes estilos e jeitos do fazer musical. Talvez o resultado disso soe diferente

GM – O Rockers marcou época nas esfumaçadas noites do Dubversão Sound System no Susi in Transe. Hoje, muitos anos depois, como vocês olham pra essa época e pra essa combinação, e dos efeitos que ela causava na cena e no público naquele momento?

M: Criar uma “nova cena” de certa forma diferente da “cena reggae” que existia, e que mesmo de certa forma a gente tendo ajudado a criar essa cena reggae, a gente não se encaixava muito nela. De repente nosso som (por conta do dub e dessa sonoridade que a gente tava desenvolvendo) estava dialogando mais com o pessoal do rap, ou da música eletrônica, enquanto o “reggae nacional” ainda parecia muito ingênuo, meio preso ao “Legend” do Marley… É muito louco pensar que essa “nova cena” que a gente (novamente) ajudou a criar ganhou esse espaço e esse tamanho, e no final das contas é a cena reggae que rola hoje no país, deixando de lado aquele estigma do “reggae nacional”…

B: Com muita saudade, felicidade de ter feito parte e uma gratidão mesmo por estar naquele momento com aquelas pessoas.

C: Se for para falar daquela época, era tudo meio sonho coletivo, tudo novidade, tudo  tinindo nas ideias e na busca pela sensação de liberdade que às vezes só o reggae, a ganja, os amigos e os 20 e poucos anos conseguem atingir. Chega bate até um grave nas costas.

GM – 20 anos de Rockers Control. 10 anos de Jacuípe Sessions, álbum lendário da história do dub nacional. Como vocês sintetizariam cada uma dessas décadas, do surgimento ao Jacuípe, e de lá pra cá? O que mudou, amadureceu ou cresceu em cada um desses marcos/momentos?

M: Essa primeira década do século (2001-2010) acho q foi muito marcada por essa busca da linguagem, da estética (que se distanciava do reggae nacional pra se aproximar do reggae). A criação da cena e tal.

Foto: Miguel Salvatore

A década seguinte, após as Jacuípe Sessions, já é um período de muito mais foco em produção (nossa e de diversos outros artistas), nos estúdios, mixes, dubs, etc…

B: Cara eu acho que o nosso constante trabalho em estúdio, e também nos palcos com diferentes artistas, voando pelo mundão afora, nos amadureceu e trouxe umas horas de voo que são muito benéficas para o que somos hoje em dia. Conseguimos tocar menos com mais gosto hoje em dia! 

Somos mais certeiros, achamos caminhos, linhas e ideias com mais facilidade. E também essa nossa conexão e ligação, muitas vezes não-verbal, que só melhorou com o tempo e hoje em dia nos dá muitos frutos.

GM – De hoje: vocês permaneceram trabalhando nesses últimos 10 anos, mas num mood mais easy, mais calmo. O que rolou nesse período e como ele foi sendo construído até chegar nessa “volta” de vocês?  

M: Esse ritmo dos últimos 10 anos aconteceu de forma natural, a gente se envolvendo em diversos outros trabalhos, com diversos outros artistas. Mas eu sempre gosto de sublinhar o fato de que mesmo sem fazer shows e tals o Rockers nunca parou, como falamos acima, a gente seguiu trabalhando com o foco nas produções, no imenso material das Jacuípe Sessions e tal, uma prova disso são os lançamentos que a gente vem fazendo, sendo a maior parte deles produzida justamente nesse tempo em que a gente parecia parado.

B: No meu caso, bastante viagens pelo mundo, e bastante produções no meu estúdio Minduca. Isso foi também lapidando minha tocada, minha experiência produzindo e me deixando mais apto, digamos assim, a esse novo momento do Rockers.

C: É engraçado falar em volta estando sempre junto com os caras, mas a gente sente mais ou menos isso também. Os últimos 10 anos foram anos de muito trabalho e dedicação em nossas carreiras, estúdios e produções pessoais, mas sempre com alguma coisa rolando em paralelo com o Rockers. O MAU fez algumas sessões de gravação de voz com Mcs que vieram tocar com o Dubversão e também fizemos várias sessões de gravação do disco do Cristopher. Tudo com bastaaante espaço de tempo, bem no estilo Rockers, devagar e sempre, sem a menor pressa, pois também estávamos todos envolvidos com outros trabalhos. Mas sempre atentos com a qualidade e o resultado do som. O resultado são os singles que estamos lançando agora, em 2020. 

Individualmente, todos viajamos bastante mundão a fora. No meu caso, bastante em função do Bixiga 70 –  banda de música instrumental com 10 anos, diversos shows internacionais e 4 discos de bagagem. E também, os 3 juntos, acompanhando a cantora Anelis Assumpção, com quem gravamos 3 discos e fizemos diversos shows pelo Brasil e Europoa. Pensando aqui, “no que rolou nesse período”, pode botar nessa conta centenas e centenas de horas em aeroporto ou dentro de uma van!

GM – Pra celebrar os 20 anos de Rockers e esse retorno aos trabalhos, vocês estão realizando lançamentos mensais. Esses sons são novos ou estavam no baú de tesouros esperando a hora certa de virem à tona – ou é um mix das duas coisas?

M: Sim, você Dani bem sabe que já faz um tempo que a gente tava ensaiando pra realizar esses lançamentos…rs. A ideia de ser mensal (toda última 6ª feira do mês) veio um pouco por conta da pandemia e também de certa forma pra relembrar (e homenagear) um pouco as origens da banda que se apresentava toda última 6.a do mês no Susi In Transe.

Entre os lançamentos temos um pouco de tudo, muita coisa oriunda das Jacuípe Sessions, e que circulou bastante como dubplates com a participação de diversos cantores e MCs que a gente aproveitou pra gravar nas passagens deles pelo Brasil a convite do Dubversão, mas também bastante material inédito que a gente vem gravando nesses últimos 10 anos. Dois desses singles que estamos lançando até o final do ano são produções do disco do Cristopher Dilovah.

B: A maioria é do baú mesmo! Uma coisa ou outra é nova, mas a grande parte estava na filinha de lançamentos, que inclusive ainda tem bastante coisa!!

GM – Tem também disco novo pintando na área, correto? Conta pra gente qual que é desse novo álbum e quando ele será lançado. 

M: Correto! o disco é o “Presenting to You – Rockers Control apresenta Cristopher Dilovah”, que a gente já vem trabalhando faz um tempo. A ideia do disco é apresentar esse repertório com os motes e canções que o Dilovah cantava desde os primórdios das festas do Dubversão. Agora nesse final de ano a gente foi contemplado com o Edital Municipal de Fomento ao Reggae, que vai ajudar a gente a dar esse gás pra finalizar o disco para lançar ainda no 1.o semestre de 2021.

C: Esse disco é uma compilação de músicas que produzimos juntos, em cima de letras que eu compus sob o pseudônimo de Cristopher Dilovah, nos idos dos 2000, quando o Afetos tava virando Rockers, nas noites que o Yellow P comandava  no Susi in Dub e o Dubversão estava começando a fazer festas na rua.

Nesse rolê, eu comecei a pegar o microfone para cantar uns refrões e com o tempo, os refrões viraram músicas. Sempre com a temática do baile, do rolê, da ganja, dos caras, das minas e, claro, falando bem pra caralho da gente mesmo, do DJ e do Sistema de Som. Eu sempre tentando imitar o estilo dos primeiros ‘deejays’ e ‘toasters’ jamaicanos como Dennis Alcapone, Dillinger, Prince Jazzbo, Eek-a-Mouse e o mestre U-Roy. O nome Cristopher Dilovah é uma referência aos ‘Lovers’, cantores de reggae como Alton Ellis, Delroy Wilson e Gregory Isaacs, que eu sempre curti e sempre cantava algum refrão durante as festas.

Eis que depois disso tudo o mundo deu muita volta e quando o MAU, o Bruno e eu, resolvemos retomar o ritmo de produções com o Rockers Control, eu sugeri da gente registrar essas músicas. E a gente vem, já há alguns anos, no maior estilo Rockers Control, sem pressa de lançar mas atentos à qualidade do que estamos produzindo, retrabalhando esse material que foi completamente rearranjado por nós 3. Nesse processo eu acabei reescrevendo bastante letra também. 

Acabou que no meio do processo de pré-produção desse disco (e também no meio de uma pandemia!) fomos contemplados pelo Edital de Apoio à Criação Artística – Linguagem Reggae 4a Edição, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Sem o qual, na boa, esse disco demoraria mais uns 10 anos!!! Mas agora, felizmente, temos a previsão para o lançamento no primeiro semestre de 2021.

Para a gravação, chamamos meus parceiros de Bixiga 70, Mauricio Fleury (teclado), Cuca Ferreira (sax), Douglas Antunes (trombone) e Daniel Gralha (trompete) e, claro, minha Sistah Marietta Massarock nos vocais, além do Marcos Mauricio parceiro Nômade Orquestra (teclados). Na mix e dubs, “The Boss” Victor Rice e na arte Ricardo Fernandes, o DJ Magrão, que tem nos agraciado com capas maravilhosas a cada lançamento que fizemos esse ano.

GM – Vocês também tocam um selo, o Garradna. Conta mais pra gente sobre ele e os lançamentos.

M: A idéia do selo é antiga, mas é algo que botamos em prática mesmo no começo do ano passado. E nasceu da vontade/necessidade da gente mesmo cuidar e administrar a nossa obra. De certa forma, a gente sempre realizou isso de um jeito “informal” desde o lançamento do EP Nação Ameaçada (Afetos), já que a gente sempre lançou de forma independente os nossos trabalhos, mesmo sem um nome oficial que representasse o selo, mas de uns tempos pra cá surgiu essa vontade/necessidade de oficializar isso com o selo propriamente dito, daí o Garradna.

Arte: Ricardo Magrão

Uma das propostas do selo é também aos poucos disponibilizar (nas plataformas digitais) todo esse material que a gente já tinha lançado em CD nesses mais de 20 anos de trabalho, além (é claro!) de seguir produzindo e dando vazão a essa produção (não só do Rockers, mas dos diversos trabalhos que estamos envolvidos). 

GARRADNA – CATÁLOGO (pra ouvir, só clicar nos links):

Rockers Control e Sandeeno – Clean Heart (2020)

Rockers Control e Danny Red – Report Dem (2020)

Rockers Control e Cristopher Dilovah – Bom Dia (2020)

Rockers Control e Afrikan Simba – Ancient Woman (2020)

Rockers Control e Giba Nascimento – Pluggin Out (2020)

Rockers Control – Jacuípe Sessions, Vol. 01 (2008)

 Pitshu – Bá Sodá (2008)

Brother Culture – Chilling inna Brasil (2009)

Paulera – Mountaintop (2020)

Paulera e Savages – Roots Radical (2018)

Afetos – Nação Ameaçada (2001)

A Louca Marcha – Besta Fera, Neném (2020)

A Louca Marcha – O Fogo do Zinimigos (2020)

A Louca Marcha – Bem-Vindo Carnaval (2018)

A Louca Marcha – Já Tá Dando na Vista (2018)

Sweet Flavour – Sweet Flavour (2012)

Sweet Flavour – Costelinha (2020)

GM – Como é “chegar de novo”, agora em um cenário totalmente transformado com as redes sociais, com as mudanças nas formas de consumir música, com novas formas de criar e ecoar… O que vocês veem nisso tudo?

M: É um pouco engraçado isso, porque de certa forma é chegar de novo, já que o cenário realmente mudou nos últimos tempos, ainda mais agora nesse contexto pandêmico, mas de certa forma também a gente sempre esteve aí, produzindo (mesmo que indiretamente) sempre atentos ao que vem acontecendo…

Acho que o nosso foco tem sido a produção e a distribuição dessa produção, e no final eu penso que as “novas formas” de criar e distribuir música estão ligadas às antigas formas, como, por exemplo, os compactos 7”, a circulação nos sounds (que vejo como os principais veículos de comunicação dentro da cena), etc…

B: Cara, de uma certa forma é difícil, até porque temos um certo “status” na cena, tem bastante gente que conhece e aprecia nossa caminhada, mas isso ainda não se traduz em um público direto que consome nossos lançamentos, compra os discos, vai aos shows etc.

Ainda é recente essa nossa volta, então não dá muito pra saber se temos ou não isso, mas nesse novo cenário, meio que voltamos ao zero, pra conquistar tudo de novo.

C: Antes de mais nada, fazer um som e estar junto dos meus irmãos , MAU e Bruno, é bom demais! Chegar de novo, depois de tanto tempo, com essa bagagem nas costas para apresentar coisas novas é um desafio muito estimulante. Ter um projeto de disco aprovado no meio dessa loucura toda de pandemia é um respiro também. O retorno dos lançamentos feitos esse ano nessa nova chegada tem sido muito bom e deixa a gente mais afim de investir nesse trampo que é tão especial pra gente. 

Temos conversado bastante sobre as novas formas de distribuição, no contexto digital, mas também temos um grande apreço ao universo analógico da música. Tanto em termos de produção e gravação, quanto em relação ao lançamento e a distribuição, disponibilização dos arquivos em alta qualidade para download em nosso site e também temos a meta de prensar os lançamentos em vinil e fazê-los circular dentro da rede dos Sound Systems espalhados por todo Brasil. Né Dani!?

GM – Onde o público pode acompanhar vocês e quais são os planos até o final deste pandêmico 2020?

Dá pra acessar nosso site e baixar sons, e também nos encontrar no Spotify, YouTube, Instagram e Facebook.  

M: No próximo dia 25, faremos o último lançamento de 2020, Roots Rock Reggae – Rockers Control e Welton Irie, e também estamos seguindo com a finalização do disco do Dilovah, contemplado no Edital do Reggae, previsto pro primeiro semestre de 2021.

Por enquanto, para nos acompanhar o lance é online mesmo, nas plataformas (onde estamos dando mais atenção pro Bandcamp e Spotify) e nas nossas redes (Instagram e FB), mas estamos também montando um site nosso onde vão estar disponíveis entrevistas, textos, fotos e os sons em alta qualidade para download.

B: Nos acompanhe nas nossas redes sociais, com destaque para o Bandcamp que tem todos os arquivos em alta resolução, e remunera bem melhor o artista.

GM – O que é o Rockers Control hoje, esse jovem de 20 anos de idade? Como vocês se denominariam? Uma banda, um projeto, um coletivo, um núcleo de produção musical…? Ou tudo junto e misturado?

M: Tudo junto e misturado. Uma família 😉

B: Pra mim somos e seremos sempre 3 amigos curtem tocar junto. Mas posso também ir com a ideia de que somos um núcleo de produção musical que se estende para outras coisas ocasionalmente.

C: Acho que continua sendo o fruto daquele encontro de amigos que querem fazer música junto, misturando referências, linguagens, ritmos e estilos diferentes, produzir e explorar as possibilidades em estúdio, em rede, reunir gente, fomentar encontros e tocar as pessoas com a nossa música. Isso nos alimenta enquanto músicos, numa forma de espiral, enquanto pessoas que querem fazer música junto, misturando referências, linguagens, ritmos e estilos diferentes…

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